A cabeça de Clive Barker deve ser um lugar perturbador de se visitar. Este escritor inglês é considerado um dos grandes mestres do terror contemporâneo, incluindo em sua obra os Livros de Sangue e os filmes da série Hellraiser. Povoado de figuras demoníacas e assustadoras, é necessário ter estômago para acompanhar sua visão artística sombria. Mas nem só no cinema e literatura o trabalho de Barker veio apavorar a galera: Clive Barker's Undying foi lançado para o PC em 2001... e apesar da boa recepção da crítica -- afinal de contas, era assustador, bem realizado e bom de jogar -- não vendeu bem na época, fazendo uma possível franquia ter um fim prematuro. Muito se engana quem acha que Barker desanimou com isto. Custou, mas saiu a mais recente investida do autor britânico no mundo dos games. Produzido pela Mercury Steam e lançado pela Codemasters, Clive Barker's Jericho traz mais uma dose do horror arcano e ominoso para PC e consoles...
Mas por que ''Jericho''? ?? o nome da equipe ultra-secreta de sete soldados da Division of Occult Warfare (Divisão de Guerra Oculta, no sentido de ''ocultismo'' e não de ''escondido''), cujos integrantes são treinados nas artes arcanas da magia e no combate com armas de fogo. A equipe é escalada para visitar as ruínas de Al-Khali, no Oriente Médio, onde um grupo de soldados desapareceu. Dos males, o menor: na verdade, o maior problema se chama Arnold Leach, um integrante da seita Brotherhood of Dark Rapture (''Irmandade do Arrebatamento Sombrio'') que resolveu explorar esta cidade submersa no deserto / tempo / espaço para caçar o poder do Firstborn (''Primogênito''), a primeira criação de Deus que ele deixou de lado por julgá-la perfeita demais. Só que anos e anos de isolamento tornaram esta poderosa criatura mais e mais repleta de rancor e raiva, fazendo-o tentar voltar ao mundo. Enfim, é uma trama sombria que só.
O clima parece mistura de Aliens: O Resgate com The Call of Cthulhu, principalmente pela forma como os soldados da equipe se falam e os horrores sobrenaturais que eles enfrentam. Além da história do Firstborn, existem outros elementos de trama bem interessantes, como The Box, uma ''caixa'' contendo um pedaço da realidade onde o Firstborn está aprisionado; a cada vez que um grupo de sete guerreiros vem contê-lo, uma nova camada espaço-temporal se forma à sua volta. Tal qual as matryoshkas (aquelas bonecas russas de tamanhos diferentes, que são guardadas uma dentro da outra), eras distintas ficaram guardadas na ''caixa'': a data presente, a Segunda Guerra Mundial, era das Cruzadas, Roma antiga, etc... e o jogador explora todas as cinco camadas, encontrando aqueles que lutavam contra a ameaça do Primogênito em suas respectivas épocas.
Clive Barker's Jericho combina o gênero FPS -- sendo que não é só tiroteio, dado que uma integrante da equipe carrega sua fiel katana, mortal se o jogador consegue se aproximar o suficiente do inimigo sem morrer -- com estratégia de equipe, no estilo Freedom Fighters: é possível dar comandos ao seu grupo de soldados, seja para defender uma parte do mapa, acompanhá-lo ou atacar o que vier pela frente. Cada um dos integrantes da Jericho é especialista em um tipo de magia (pirocinese, telecinese, manipulação do tempo, magia de sangue, cura, exorcismo, projeção astral), e de certa forma remete ao sistema de habilidades de Killer 7 -- é aquilo, você vai precisar dos truques especiais de todos em algum momento no game... e tem até mesmo um inimigo explosivo e relativamente lento que tem pontos específicos do corpo para que seja detonado -- mas é a equipe inteira indo junta, sendo possível alternar entre eles no calor da batalha. Se um deles for abatido, é só chegar perto e pressionar espaço, pois todos têm como ressuscitar uns aos outros. Além das mecânicas citadas acima, o jogo também utiliza os quick time events -- vocês sabem, aqueles botões que aparecem de repente na tela para realizar alguma ação -- em seqüências como se recuperar de uma queda em um poço, ou se desvencilhar de um ataque de proximidade.
Ao manter pressionado o botão de recarga da arma, o jogador pode selecionar qual a modalidade de disparo da arma: por exemplo, o rifle pode ser configurado para tiro simples, pequenas rajadas ou tiro automático. Além dos disparos primário e secundário, as magias oferecidas pelo game são bem interessantes: o Blood Ward faz com que os inimigos fiquem presos por um tempo, enquanto o Fire Ward ateia fogo nos mesmos; Delgado pode erguer uma barreira de fogo à sua volta, ou deslanchar o familiar Ababinili (baseado na mitologia indígena norte-americana) para incendiar seus inimigos; curar alguém à distância, e por aí vai. ?? medida que o jogador avança no jogo, alguns extras são destrancados: fichas de personagens, organizações do game, etc... dando uma aprofundada na trama, que realmente conta com um bocado invejável de material.
Os cenários do game são apavorantes, e felizmente isto é um elogio. As ruínas ancestrais de Al-Khali, a enorme fortaleza da era das Cruzadas, tudo parece assustador e imponente com seus rios de sangue e clima de desolação. Apesar de um bocado desorientadores -- teria caído bem um sistema de mapa -- os ambientes funcionam bem para o jogo, indo de cenários abertos a túneis fechados. A modelagem de personagem, sejam os heróis ou os terríveis monstrengos que são enfrentados, também não fazem feio. O jogo melhora um bocado seu grau de imersão ao mostrar as ações da perspectiva do personagem, como sinalizações com a mão, etc... e outros pequenos detalhes que poderiam soar batidos em outro jogo parecem mais interessantes neste, como as telas de carregamento com um grande parágrafo explicando o que acontece, acompanhado do som da máquina de escrever digitando e o rolo de tirar o papel girando no final. Clive Barker, escritor, sacaram? Pois é. Enfim, sobre a parte sonora, a trilha incidental é muito boa -- indo de temas de ação, passando por outros mais sombrios e um que é falsamente acalentador. Já a dublagem... bem, na maioria do tempo é aquela canastrice previsível (alguns comentários parecem tirados diretamente de Aliens, como a zoação com um dos soldados chamando sua companheira de lésbica) e vão do mais-ou menos ao aceitável. Mas para o que é, serve.
Jericho poderia ser um jogo ótimo, mas uma série de vacilos queimam bastante seu filme, a começar pela terrível inteligência artificial de seus companheiros de equipe: quando seu personagem da vez morre em combate, você é transferido para outro membro da equipe... mas o que fazer se este infeliz está olhando para o outro lado, como se não estivesse participando da batalha? Pois é... sem contar que às vezes eles se metem a enfrentar inimigos claramente mais fortes, morrendo com facilidade e dando mais trabalho ao jogador para ressuscitá-los enquanto é alvejado por todos os lados. Outro vacilo fica por conta dos quick time events, que não são sempre óbvios, levando o o jogador a repetir a seqüência inteira porque não viu um dos botões aparecer na tela. Além disto, o game é desnecessariamente pesado para o que se propõe... até mesmo na configuração mais baixa o game parece se arrastar um bocado.
A Codemasters tinha uma ótima receita em mãos, mas infelizmente o desleixo entrou no caminho de firmar Jericho como uma nova chance de emplacar um game com a participação de Clive Barker na criação. O pior é que o clima do jogo é bacana para a proposta (isto é, oferecer uma ambientação assustadora, clima de opressão e terror) e o escritor inglês criou uma trama interessante -- vá lá, mesmo que o público-alvo seja mais abrangente em termos de história e personagens -- mas a jogabilidade em si ficou tão prejudicada por fatores como inteligência artificial deixando a desejar, uma performance pesada o suficiente para afetar na gameplay propriamente dita... sério, fica difícil retomar qualquer coisa daí em diante. Se jogos de ação e terror são a sua praia, talvez você curta e valha a pena alugar ou conferir uma demo jogável. De forma geral, Jericho infelizmente fica devendo um bocado.
Configuração Mínima
- Windows XP
- CPU: Pentium 4 2.4 GHz ou equivalente AMD
- RAM: 1 GB RAM
- VGA: Geforce 6600 GT ou ATI Radeon X1600
- DirectX 9.0c
- Placa de som 100% compatível com DirectX 9.0c
- 6GB de espaço livre no HD
Configuração Recomendada
- Windows XP / Vista
- CPU: Core 2 Duo ou Athlon 64 X2
- RAM: 1 GB
- VGA: Geforce 8800 GTS ou Radeon X1950 XTX
- Placa de som Creative Creative Sound Blaster X-Fi
Chipsets de vídeo compatíveis
- Geforce 6 Series (6600 ou superior)
- Geforce 7 Series (7100 ou superior)
- Geforce 8 Series (8800 ou superior)
- Radeon X1600 ou superior
- Radeon HD2900XT ou superior
- Incompatível com todos os chipsets integrados de som e gráficos, incluindo laptops
Aqui vãoumas imagens do game
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Apesar do Review eu recomendo que deem um alhadinha nesse game vale a pena
Outra coisa procurem esse outro game tambem Clive Barker's Undying!!!!!!!! vão gostar garanto !!!
