Eis que depois de anos de hype e expectativa, a força finalmente foi unleashed.
Star Wars: The Force Unleashed coloca você na pele do aprendiz secreto de Darth Vader, que tem a missão de caçar todos os remanescentes da ordem jedi. O enredo deste jogo é considerado canônico na saga Star Wars, já que ele liga o episódio 3 ao episódio 4. O conceito parece forçado de primeira, e muitos fãs puristas dirão "nossa, George Lucas não sabe mesmo quando parar!", mas a história pode ser facilmente considerada a melhor parte do jogo, com toneladas de referências e algumas caras conhecidas. Os puristas podem ficar sossegados, pois a história de TFU é mais bem amarrada e empolgante que a trilogia prequel toda. Sim, ela tem ainda é vitimada por um romancezinho um tanto água-com-açúcar, mas isto é Star Wars, não PS: Te Amo! Não tem como comentar a história profundamente, pois ela está tão bem preparada que qualquer coisa que se diga soa como um enorme spoiler.
A grande sacada que anunciaram à torto e a direito, além dos gráficos de nível estelar que as plataformas 256 bits possuem, como o nome do jogo implica, é justamente os poderes da força. Não há como jogar TFU sem usar os poderes da força, metade da jogabilidade gira em torno deles. Não existe muita variação de poderes aqui, o que existe é uma variedade de formas de usar os mesmos poderes de formas diferentes e originais. Ou seja, temos várias formas de arremessar e eletrocutar os inimigos. Pode parecer insoso a primeira vista, mas definitivamente não é. Durante o jogo, para cada inimigo que derrotamos, ganhamos alguns pontos de experiência. Com eles compramos novos poderes e combos, e melhoramos os já disponíveis, até no máximo 4 níveis. Como nada se cria, nada se constrói, tudo se copia, TFU tem seus momentos de deja vu. A jogabilidade, em boa parte, parece um misto de Castlevania e God of War, com toques de Prince of Persia e Shadow of Colossus. Parece Castlevania pois existe um quê de exploração e desvendar de enigmas de pulo, fora os eventuais extras, uprades e itens que encontramos se fuçamos tudo pelo cenário. Parece God of War pois os combates tem a mesma freneticidade e porquê não dizer, violência. Mesmo sem amputações, este jogo exibe aquela violência espetacular de acrobacias e cenário esmagando os inimigos. Além disso, nas lutas contra chefes, quando eles estão com a saúde reduzida, aparece na tela um botão que dá início a uma sequência de acrobacias botonadas, que temos que obedecer a ordem de botões que nos aparece na tela por poucos segundos, como visto em God of War. De Prince of Persia temos a atmosfera de aventura, e de Shadow of Colossus temos os combates contra monstros enormes. Esta salada pode parecer confusa e incompatível, mas de fato não é, cada um dos elementos foi posto de uma forma original, alguns evidenciam mais que os outros que o conceito é emprestado, mas no conjunto total, tudo é bem amarrado. A única coisa que deixa um pouco a desejar são alguns combates com chefes jedi: Muitos deles requerem muito pouca estratégia, alguns se resumem a apertar o botão quadrado até o chefe ficar fraco e começar a sequência de botonadas. Um detalhe que é puramente cosmético, mas faz lembrar a série Onimusha é como o personagem 'absorve' a experiência: Os inimigos mortos viram 'alminhas azuis' que voam para dentro do protagonista.
Agora vem a parte que a LucasArts mais alardeou: A física. TFU pode ser considerado o jogo que mais extensivamente utiliza a física Havok no PS2. Caixas, painéis, cadeiras, tie-fighters, stormtroopers, dróides, barris... MUITA coisa pode ser manipulada neste jogo. Os modelos dos inimigos utilizam de física ragdoll quando mortos, com uma ou outra animação pronta. Existe interpolação entre ragdoll e as animações prontas, uma vez que se você arremessa um inimigo na parede, mas não o mata, ele vai voar como um trapo, bater no solo de qualquer jeito, e se erguer novamente. Este detalhe parece bastante interessante, mas não é nada, quando vislumbramos um pelotão de stormtroopers e algumas caixas sendo arremessados de uma plataforma para a morte certa. ?? impossível não abrir um sorriso. O único defeito é que para escolher exatamente que alvo vamos agarrar com a força, tem que se ter um pouco de atenção e paciência, uma vez que não escolhemos tão manualmente assim: O alvo que você vai poder manipular com a força tem uma aura azul em volta. Apesar de ser simples, observar auras azuis é meio imprático quando se tem inimigos atirando granadas e rajadas laser em você. Não existe aqui a tal Euphoria nem a Molecular Matter que tanto anunciaram nas plataformas 256 bits, mas utilizando-se apenas da Havok, o trabalho está muito bem acabado. Alguns jogos de PC não tem uma física tão potente quanto a de TFU no PS2.
Lembram de Jedi Academy? The Force Unleashed tem certa semelhança com ele em vários aspectos: Podemos customizar a cor de nosso sabre (se achamos o cristal da cor correspondente nos cenários), as roupas do protagonista, e também (visto pela primeira vez aqui), cristais que influenciam a forma que o sabre de luz ou os poderes da força funcionam, alguns dão mais força ao empurrar com a força, outros aos raios de força, e alguns simplesmente oferecem mais poder ofensivo ao sabre de luz. Além de toda essa customização, dependendo das decisões que tomamos no percurso do jogo, o final pode variar, apesar de apenas um ser considerado canônico na saga.
Bugs. Sim, esse jogo não escapou de ter bugs, mesmo com mil anos de desenvolvimento. Eles não denigrem muito a jogabilidade, mas fazem o jogador cerrar os dentes e soltar um grunhido vez ou outra. O mais sério deles é que o bloqueio de rajadas laser com o sabre tem um sistema de mira travada, onde o personagem vai dar preferência à bloquear os ataques de um certo inimigo, mas não ignorando os demais. Isto seria ótimo, se o jogo nos permitisse escolher em qual inimigo iríamos travar a mira. Outro que faz revirar os olhos (e que eu não sei se é próprio do jogo ou o problema está no meu exemplar) é quando uma cena de animação começar durante uma fase, muitas vezes o personagem fica parado, com as 'tiras de cinema' ocupando a tela, mas sem acontecer nada, só para uns eternos segundos depois a cena começar, e engraçado é que ainda podemos mover a câmera enquanto isso. Uma característica que não é exatamente um bug sério, mas é visível ao jogador é que os personagens nas cenas animadas (que são todas renderizadas na engine do jogo, nenhuma é filme pré-gravado) tem, é que os personagens tem poucas expressões faciais, chegando ao nível de Metal Gear Solid 2, e algumas das roupas do personagem principal, por causa da customização, as vezes ficam esquisitando em certas cenas. Uma outra característica que também não pode ser considerada bug são os tempos de loading demasiadamente longos.
O jogo também sofre da síndrome de Call of Duty, e na mão de um gamer normal-para-hardcore, pode acabar em menos de oito horas, o que é uma vergonha, pois nunca é demais rechaçar stormtroopers com rajadas de força e jogar o cenário (ou um deles) em suas cabeças. E o jogo pode er considerado fácil: Não existe game over definitivo. Se você morrer, volta para o checkpoint mais próximo, e perde um pouco de pontos de experiência. E apenas isso. E os pick-ups que nos permitem regenerar um pouco da saúde curam demais, quase um terço para a metade da saúde é regenerada. Em compensação, você pode jogar novamente o jogo desde o início, com todos os poderes e itens que desbloqueou no decorrer da campanha, só para chutar mais traseiros, alcançar novos itens, e ver o outro final.
Jogabilidade - 7.5 - O sistema de mira pode atrapalhar, e executar alguns comandos pode ser complicado. Há tanta coisa a se fazer ao mesmo tempo que acabamos tentando fazer todas e nos embananamos. Enquanto os inimigos não são lá muito espertos, eles compensam essa bobisse com números.
Gráficos - 9.0 - Gráficos copetentes e coloridos. Modelos com uma quantidade generosa de polígonos, e sem nenhum soluço no frame-rate. Física realista adiciona uma satisfação extra ao ser cercado por inimigos. Entretanto algumas expressões faciais são meio duras.
História - 10 - Pode-se dizer que este jogo tem a história melhor que a nova velha(?) trilogia. Neste quesito, o jogo senta-se orgulhosamente ao lado de Jedi Knight e Knights of The Old Republic.
Som - 10 - Jogos de Star Wars não precisam de avaliação no som. Quando se fala Star Wars você já pensa em músicas que te colocam na ação e efeitos sonoros soberbos.
Replay - 8.5 - Te prende desde as letras rolando no espaço, até os créditos finais. Você vai querer jogar de novo, para conferir todos os finais, ou para habilitar todos os itens e poderes.
Veredito:
Com todos seus altos e baixos, por hora, Star Wars: The Force Unleashed pode ser considerado o último dos grandes jogos da geração passada, e pode, junto com God of War II, se juntar ao coro da 'canção do cisne' do Playstation 2.
[size=8pt]Nota do Reviewer:
Quando os créditos estiverem rolando, muitos, como eu, vão sentir aquele vazio nostálgico que se sentiu quando O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei acabou. Para melhor ou para pior, a espera, a antecipação e a ansiedade acabou.[/size]
