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O que foi a gripe espanhola em 1918

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O que foi a gripe espanhola em 1918
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    ID: #542808
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    # O que foi a gripe espanhola em 1918
    Resposta de matheusxfx.

    Você acha que essa gripe h1n1 é perigoza leia sobre a gripe espanhola logo abaixo

    O Influenza A tem o seu material genético organizado em pedaços. São 8 genes, em 8 fragmentos de RNA, que produzem 11 proteínas. Tudo o que ele precisa para invadir uma célula, dominar a maquinaria celular para produzir cópias suas e partir para a próxima. Sua patogenia, os sintomas e a virulência, são diretamente dependentes destes genes e da combinação entre diferentes linhagens deles, que vêm e vão através do rearranjo, a mistura dos genes de vírus diferentes que infectam uma mesma célula.

    O primeiro registro certo e confiável que temos do H1N1 é o isolado de 1918, de corpos preservados no gelo do Alaska e em amostras de tecido em formol. Sabemos agora que ele já circulava em humanos desde pelo menos 1907, e que o vírus suíno detectado em 1931 que se imaginava ter se originado do vírus da gripe espanhola circulava paralelamente a ele, e uma origem comum. [2]

    Embora a chamada gripe espanhola tenha acabado em 1919, o vírus não sumiu. Ele se tornou a linhagem predominante em humanos, e continuou circulando e mudando durante os próximos 38 anos. Mudou o suficiente para escapar do sistema imune dos hospedeiros, mas não o suficiente para causar grandes estragos como antes.

    Mas algo ocorreu em 1957. Neste ano, o H1N1 que havia mudado entre 3 e 6 anos antes [2] explodiu. Ele adquiriu 3 de seus 8 genes de um vírus aviário, Hemaglutinina, Neuraminidase e um dos integrantes da polimerase viral - enzima que faz a cópia do seu material genético - o PB1. Com isso, o recém formado H2N2, que ainda carregava grande parte do H1N1 mas escapava do sistema imune das pessoas, infectou milhões no mundo todo, causando a chamada Gripe Asiática. O H2N2 substituiu completamente o H1N1 e seria o vírus dominante pelos próximos 11 anos.

    Em 1968, mais um evento marcante na história do Influenza. O vírus havia recebido dois novos genes, a Hemaglutinina e PB1 novamente, em 1966 [2]. Agora ele explodia na Gripe de Hong Kong como H3N2. Ainda carregava genes do H1N1 de 1918 e a Neuraminidase 2, mas sua nova Hemaglutinina garantiu mais uma vez o passe pelo sistema imune e a consequente pandemia. Embora os genes compartilhados devam ter contribuído para alguma imunidade de fundo, suficiente para a pandemia de 1968 ser menos severa do que a de 1957.

    Agora, em 1977, um novo incidente. E desta vez, inédito. O H1N1 voltou a circular, causando a pandemia da Gripe Russa. Mas não precisou adquirir nenhum gene novo para isso. A linhagem de 1977 era idêntica ao H1N1 de 1951. Em algum teste de vacinas, provavelmente na União Soviética ou no Leste Asiático, o vírus H1N1 vazou do laboratório. Os 26 anos até então foram suficientes para uma geração toda sem imunidade. - Aviso aos conspiracionistas de plantão: quando um vírus vaza de um laboratório, como nesse caso, isso fica bem evidente pela grande semelhança com a linhagem original. E não, não é o caso da gripe atual.

    O H1N1 de 1951 reintroduzido em 1977 e o H3N2 de 1968 circulam até hoje, e talvez coexistam porque temos uma população grande o suficiente para manter a transmissão de ambos. Foi esse H3N2 e duas linhagens suínas de H1N1, uma delas derivada diretamente do vírus suíno de 1918, que deram origem ao novo H1N1, causador da gripe suína.

    E vendo o rolo que é essa história, o vai-e-vem de genes, vocês devem entender porque reluto em chamá-la de Gripe A H1N1. A figura abaixo resume bem o histórico dos últimos 90 e tantos anos de convivência entre nós e o H1N1, clique para ampliar:

    Como podemos ver pela figura acima, você, eu e provavelmente todas as pessoas do mundo já tiveram seu contato com o vírus de 1918, seja pela terceira ou quarta geração. Trocando e mudando seus genes, ele conseguiu permanecer por mais de um século entre nós (considerando a introdução apontada pelo artigo [2]).

    Observação importante: O artigo [2] descreve a estimação da entrada dos vírus pandêmicos e mostra que eles circularam por anos antes de se espalharem mundialmente. O que deixa claríssima a necessidade de monitorarmos com muita atenção quais são os vírus circulantes, sem deixarmos de lado as linhagens minoritárias, que podem ser as próximas a causar estrago.

    [size=10pt][size=10pt]O que foi a gripe espanhola em 1918[/size][/size]

    1918, Primeira Guerra acontecendo na Europa, quando um surto de gripe atingiu o hemisfério norte todo durante a primavera (deles) em março. Muitas pessoas foram infectadas, com os sintomas normais da gripe, febre, calafrios e indisposição. Todos os países tiveram surtos, na Espanha 8 milhões de pessoas ficaram doentes, incluindo o rei Afonso XIII. A maioria dos países não admitia o surto que estava acontecendo, já que isso implicava em soldados fora de combate. A Espanha que até então estava neutra na guerra não escondeu o que se passava, e a gripe que era chamada de gripe dos 3 dias começou a ser chamada de gripe espanhola. Rapidamente, ela sumiu.

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    Faixa etária e mortalidade da gripe espanhola

    Em agosto, outono no hemisfério norte, a gripe voltou. Atacou em todos os lugares, Ásia, Europa, Américas. Mas dessa vez ela estava diferente. Estranhamente atacava os jovens, com um pico de infecção entre 20 e 30 anos, enquanto normalmente a curva de idade é um U, atacando mais crianças e idosos, essa formava mais um W. Os sintomas também estavam diferentes, além da febre e dor de cabeça, em alguns dias começava a falta de ar, o rosto começava a ficar roxo, os pés pretos, e em pouco tempo a pessoa morria afogada, com os pulmões cheios de fluidos. Os acampamentos militares, cheios de jovens dividindo quartos, foram atacados em cheio.

    Enquanto uma gripe normal mata menos de 0,1% dos doentes, essa matava até 2,5%. Pode parecer pouco, mas com pelo menos 25% da população americana doente, o estrago foi enorme, mais de meio milhão de mortos. Essa é a diferença principal. Enquanto o Ebola mata até 90% das pessoas, infecta poucos, já essa gripe infectou tantos que deve ter matado entre 20 e 100 milhões de pessoas - a 1ª Guerra matou cerca de 9,2 milhões em combate, 15 milhões no total, a 2ª, 16 milhões. Algumas tribos esquimós sumiram do mapa.

    Faltavam caixões para enterrar as pessoas, e em muitos lugares os velórios eram limitados a minutos, tamanha a procura.

    Até hoje não se sabe como a doença se espalhou tão rápido, em questão de dois meses o mundo inteiro foi atingido, e em muitos casos cidades distantes tinham surto ao mesmo tempo, enquanto as cidades vizinhas podiam levar semanas para serem atingidas.

    Nos EUA e no Japão, foram selecionados presos para testarem como a doença era contraída. Não se sabia que era um vírus que causava a doença. Eles pegavam presos que não tiveram contato com a gripe e após os testes, os presos teriam cumprido a dívida com a sociedade - comitê de ética também não era tão presente na época. Borrifavam muco de pessoas doentes no nariz e nos olhos dos presos, injetavam sangue embaixo da pele e pediam para os doentes tossirem e espirrarem  no rosto. Nenhum dos presos americanos contraiu a doença. No Japão conseguiram ver que fluidos filtrados eram capazes de infectar as pessoas, forte indicação de que o agente infeccioso era um vírus (bactérias ficavam retidas pelo filtro), mas não conseguiram repetir os resultados.

    Reencontrando o inimigo

    Em 1996, um pesquisador do Instituto de Patologia das Forças Armadas americanas teve uma idéia brilhante. O instituto de patologia recebia milhares de amostras militares e civis desde o começo do século 20, analisava e conservava. Taubenberger resolveu procurar amostras de pulmão de soldados que tivessem morrido de gripe em 1918 preservadas em parafina. De duas amostras conseguiu isolar genes do vírus da gripe espanhola. Houve críticas de que o formol poderia ter causado mutações nos vírus, e surgiu a idéia de que corpos enterrados em terreno permanentemente congelado também permitissem que outras amostras fossem recuperadas, e comparadas.

    Uma pesquisadora americana resolveu escavar um cemitério (vala comum) norueguês. Em um projeto de meio milhão de dólares, planejou durante 4 anos. Explorou o solo com sondas, montou tendas de contenção biológica, contratou escavadores especializados e chegou a fotografar a disposição das pedras no chão para poder devolver tudo no lugar depois. Quando desenterrou os corpos, eles já estavam bem decompostos e não encontraram o vírus.

    Enquanto ela planejava tudo isso, um sueco de uma universidade americana chamado Hultin, que já conhecia o Alasca e tinha tentado encontrar amostras do vírus em 1951, foi sozinho para uma vila esquimó, escavou um cemitério e consegui amostras muito bem conservadas de uma mulher esquimó, gastando $ 3200 em uma viagem de 3 dias.

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