Review do Grand Theft Auto III
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Introdução:
"Um grande roubo ao Banco de Liberty City. Sua namorada é cúmplice e mais um parceiro vai aliviar o banco em alguns dólares. Você dirige. Na hora da fuga, sua ambiciosa amante resolve não querer mais repartir o dinheiro e decide dar cabo de você e seu amigo. Por sorte, você não morre, mas acaba sendo preso em flagrante e condenado. Durante a transferência para o presídio, uma emboscada, armada para libertar um figurão, acaba dando a você e a outro prisioneiro a chance de escaparem. Seu mais novo amigo, conhecido por 8-Ball, grato pela sua ajuda, se oferece para lhe apresentar um esconderijo e algumas pessoas que podem ajudá-lo a arranjar uma grana, em troca de um ou outro serviço exclusivo. Assim, você retoma sua carreira criminosa em Liberty City, trabalhando para praticamente todo o submundo, desde que seja bem remunerado para isso. Mas aquela traição ainda não lhe sai da cabeça e você sabe que, mais cedo ou mais tarde, terá a chance de dizer para sua ex-namorada o quanto ela te magoou.?
Grand Theft Auto 3 é a mais nova seqüência para a polêmica série que foi proibida no Brasil e alguns outros países, por abranger temas ?politicamente incorretos?, abusando da falta de ética e humanidade. Trata-se de um game no qual o objetivo é obedecer a grandes chefes do crime, roubar carros, praticar assaltos, furtos, assassinatos e todos os outros tipos de atos imprudentes possíveis dentro de uma civilização urbana, recheada de polícias, pedestres, tráfego e tudo mais que possa refletir o que existe numa cidade grande.
Apesar de tantas minúcias, a série GTA foi marcada por gráficos relativamente simples, sem exigir máquinas muito modernas, o que acabou sendo quebrado com esta nova versão, que ganhou uma interface gráfica bem mais completa e pesada em relação aos dois primeiros títulos da série, embora exija mais memória e processamento do que propriamente gráficos em 3D. Infelizmente, sua entrada em alguns países não foi bem vinda e muito menos aceita (não pelos gamemaníacos, é claro, mas sim por alguns juízes e políticos que não tem mais o que fazer e aproveitam para fazer o nome em cima de uma oportunidade dessas). Agora, é a vez do GTA 3, pronto para firmar sua originalidade em um game promissor de novas tecnologias e idéias.
Jogabilidade:
Um persuasivo e cativante início é o primeiro passo do terceiro Grand Theft Auto. O distrito de Portland é o principal cenário. Apesar de serem apenas três ambientes, a vastidão e as minúcias inseridas não se comparam com nenhum outro tipo de jogo (mais detalhes em Gráficos). Em meio a tantas avenidas, ruas e becos, a cidade se divide em bairros, complementada com tudo o que uma grande metrópole necessita, como bares, hospitais, delegacias, posto de gasolina, lojas, meios de condução, prostitutas (uau!), e tudo o que se pode imaginar.
E em GTA 3, tudo é permitido. Desde o momento em que se apanha o primeiro carro para levar o companheiro machucado até o local desejado é possível notar a belíssima jogabilidade, que beira muito próxima a realidade. Qualquer tipo de veículo pode ser ?apanhado? ? roubado, para os mais inocentes ? cada qual representado por um controle distinto e peculiar (é bem mais complicado conduzir um caminhão em alta velocidade do que um Banshee conversível), baseado numa física coerente e num sistema de danos realista, que permite quebrar portas, capôs, vidros, pára-choques, até a total destruição do veículo (que termina com uma explosão do motor). Existe uma grande diversidade de carros, caminhões, botes e outros meios de transporte, que rodam constantemente por toda a imensa cidade. Se o alvo escolhido para o furto for um táxi, por exemplo, você pode faturar uma grana extra, fazendo corridas e transportando passageiros em um determinado tempo; se a meta não for cumprida, eles desistem e abandonam o automóvel. Também há como ganhar ?um por fora? roubando veículos da polícia, e, neste caso, a missão é capturar bandidos, ou até mesmo caminhões de bombeiros, ganhando para apagar incêndios, e ambulâncias, ganhando para levar os feridos espalhados pela cidade até o hospital. Um ponto importante é que esses ?bicos? só podem ser realizados quando você não está no meio de alguma missão. Também há como ?conversar? com as garotas de programa, bater nos civis para roubar-lhes dinheiro e muitas outras atitudes ilegais.
Para muitas das missões, você deve deixar o carro e atuar a pé, passando de um jogo de corrida para um shooter em terceira pessoa. Em Grand Theft Auto, tudo o que se imagina vai de frente com a lei. Vira-e-mexe, você deve assassinar algum chefe de gangue, roubar o veículo de outro, transportar o chefão da máfia italiana para ?acertar? contas com banqueiros, correr pela cidade e passar por cima de tudo e todos, destruindo veículos inimigos. Em certas horas, você pode prestar serviços simultâneos para outros mafiosos ou traficantes. A seqüência de objetivos realizados não muda o trajeto da história, que se desenvolve de forma cinematográfica conforme eles são cumpridos. De mão em mão, seus favores rodam por todo tipo de gangue, passando por chineses, italianos, americanos e outros malfeitores, tornando o jogo cada vez mais atraente.
Cada gangue possui seu local próprio na cidade. Se você aniquilou centenas de chineses em Chinatown, pode ter certeza que ao retornar lá nem que seja para uma visita, a recepção será uma rajada de balas. A inteligência atribuída para os civis chega a ser assustadora, uma vez que eles realizam ações por si só: brigam entre eles (no caso de conflito entre gangues ou reação de assaltos), pulam para evitarem serem atropelados, praticam acidentes nas avenidas principais e prendem quando necessário. Quanto mais estrago você causar, maior o assédio da polícia. Se você matou inúmeros pedestres, espancou um PM, derrubou postes em cima de outros veículos, atirou em mafiosos, tudo isso em um curto tempo, provavelmente o escândalo originado fará com que forças especiais (e não mais as simples viaturas policiais) o procurem intensamente, tornando mais difícil a circulação pelas cidades e a realização das missões. Para que essa ?busca? seja amenizada ou simplesmente esquecida, você deve se esconder, não cometer mais crimes e se comportar como um bom civil, que só o tempo lhe trará um honrado cidadão novamente; se quiser uma saída mais curta, pinte o carro de outra cor por um precinho módico ou apanhe alguns bônus espalhados pela cidade que eles não o reconhecerão mais.
Apesar de uma inteligência bem inserida, faltou severidade e um pouco de esperteza na equipe policial. Em várias perseguições, consegui enganá-los entrando na garagem da pintura e mudei a cor do meu carro, todavia as viaturas da polícia se encontravam a dois metros do meu automóvel e nada fizeram quando saí: em suma, correram atrás de mim, me viram entrar na garagem para mudar a cor da minha lataria, e quando saí segundos depois, já não conseguiram me reconhecer. Outros defeitos na IA está em cometer algumas infrações a uma distância pequena que também passam despercebidos pelos homens da lei, fazendo desta polícia o mesmo que em muitos filmes hollywoodianos: motivo de chacota.
Porém, a grande sacada de GTA 3 é que além das missões oficiais, que são necessárias cumprir para abrir outras e conseqüentemente passar para as outras ilhas (são três no total), existem uma infinidade de missões extras e outras coisas interessantes que são possíveis de se fazer, mas para isso é necessário vasculhar cada beco, doca, ou qualquer outro canto da cidade. Como exemplo, você pode tentar fazer manobras insanas para ganhar dinheiro extra, passando com os mais diversos veículos em rampas estrategicamente colocadas para tentar fazer manobras no ar; cumprir missões extras que são passadas por outros chefões que você pode conhecer; ou tentar recolher os 100 pacotes especiais espalhados pelas cidades. Essa característica faz com que o jogo possa ser prolongado para durar muito mais do que horas ou dias, dependendo da curiosidade do jogador, trazendo sempre algo diferente e interessante ao jogador.
Áudio:
Inovador também no quesito áudio, Grand Theft Auto 3 traz as incríveis estações de rádio, que podem ser escutadas dentro de qualquer veículo. São arquivos wav que simulam freqüências de uma rádio FM, com mais de 10 opções de estilos musicais, tais como reggae, anos 80, techno, ópera, entre outras, incluindo propagandas, programas de bate-papo com o ouvinte e muitas horas de músicas; é soberbo. Entretanto, se você é mais do que um patriota brazuca e gosta de MPB, existe uma estação especial para suas MP3s: basta colocar as que você quer ouvir e curtir um som bem nacional; imagine um racha entre as avenidas de Staunt Island ao som de... KLB? Acredite, é possível.
Com um número tão grande de personagens, GTA 3 suporta uma enorme equipe cinematográfica para as dublagens (entre eles, Michael Madsen, Kyle Mclachlan e outros da máfia da telinha) e vai bem além. São vários sotaques americanizados, mesclados em italianos, chineses e outras origens, incluindo as vovós que passeiam com as compras pela cidade, mendigos que esmolam entre as calçadas, prostitutas que vêm lhe proporcionar alguns momentos de prazer e até mesmo o rádio policial alertando sobre sua presença na rua ao lado. Gritos e diálogos do cotidiano também são facilmente notados, e a sonoplastia do armamento também leva destaque. Há tempo não se via um áudio tão qualificado quanto este.
Multiplayer:
Sem suporte a MultiPlayer , mas você pode usar o Liberty Unleashed na versão PC!
Gráficos:
O ponto de partida, Liberty City, já exibe a monstruosidade com que GTA 3 foi construído. Mesmo há quilômetros de distância é possível observar edifícios e construções do outro lado da cidade já renderizados pelo PC, tornando-o de fato um jogo extremamente pesado. São centenas de personagens, veículos, prédios, árvores e muitos outros objetos que se acumulam na memória, não perdoando qualquer PC com uma placa abaixo de 64 Mb ou até mesmo processadores inferiores a 1 GHz. Cada bairro ou distrito tem sua caracterização própria, com seus respectivos estabelecimentos, apesar de que nem todos podem ser visitados (pois não apresentam profundidades), o que ajudaria a piorar a performance. Como as minúcias na jogabilidade se elevam, nos gráficos os detalhes também não deixam a desejar, uma vez que efeitos de luzes ficaram impecáveis, criando reflexos de todo tipo de luz (postes, faróis) ao chão quando o asfalto está molhado, contando com neblinas noturnas, densas quando iluminadas pelas lanternas dos automóveis, sem mencionar o nascer e um pôr-do-sol que emitem raios maravilhosos sobre o rosto de nosso personagem. As sombras também cumprem seu papel com todos os objetos, embora algumas poderiam ser mais fiéis aos seus donos.
As horas do dia passam rápido, mas é possível notar o dia nascer e a noite cair, sem contar as mudanças aleatórias do tempo, como as nuvens que trazem chuvas e neblinas, ou até mesmo os dias escuros e nublados. ?? primoroso. Já os personagens foram feitos a partir de um estilo comix bastante caricaturais, não querendo exaltar realismo extremo com os seres humanos; é o que acontece com os civis, que ficaram bonitos e bacanas. Com uma violência similar a Carmaggedon, a presença de sangue também é garantida, embora nada de excessos. Cabeças podem voar, corpos se arrastarem, pneus marcarem asfaltos com sangue, tudo sem exageros, mas que estão bem representados do jogo.
Conclusão:
Depois de muitas linhas descrevendo o que é Grand Theft Auto 3, não há como se dar por satisfeito. Ainda há muito o que falar sobre ele, mas somente aqueles que o provarem saberão o quanto este jogo é precioso e divertido.
